O uso de saltos altos e os riscos para a saúde da mulher

As mulheres usam saltos altos de acordo com as necessidades estéticas da sociedade moderna. Contudo, esta escolha coloca em risco a sua saúde.

Os saltos altos são comummente utilizados pelas mulheres portuguesas, funcionando actualmente como uma elegante escolha que compõe um outfit. A escolha deste calçado adapta-se a algumas actividades profissionais e eventos sociais, mas infelizmente, não se adapta à anatomia corporal. O seu uso excessivo provoca alterações posturais importantes e compromissos ao funcionamento normal das articulações, o que origina graves problemas de saúde. Neste sentido, torna-se premente alertar para os principais riscos associados a esta escolha, que melhora apenas a estética corporal.

Os saltos altos (comprimento superior a 4 cm) geram uma deslocação anterior do centro de gravidade, que desencadeia desalinhamentos articulares, alterações posturais e problemas importantes nos tornozelos e pés. Para se equilibrarem, as mulheres aumentam a tensão nos músculos das costas, ancas e pernas, o que leva ao seu encurtamento, fraqueza e fadiga, causando dor e cãibras.

A alteração da curvatura da coluna lombar (aumento da curvatura, hiperlordose) provoca degeneração articular e dos discos intervertebrais, podendo causar hérnias e estenose do canal vertebral (diminuição do lúmen do canal) com consequentes compressões medulares ou das raízes nervosas (“nervos”), que originam dor lombar e ciatalgia (“dor ciática”). O desalinhamento articular entre as ancas e joelhos traz um aumento de pressão intra-articular nos joelhos, originando osteoartrite/artrose (degeneração articular).
Verificam-se também encurtamentos importantes dos músculos posteriores da perna (vulgarmente conhecidos como gémeos) e retracções no Tendão de Aquiles, com várias consequências no padrão da marcha e desequilíbrios posturais.

A posição do pé e os desequilíbrios na distribuição do peso corporal forçam os dedos a um encurtamento (dedos em martelo) que proporciona um aumento significativo da pressão a este nível, provocando artroses (nomeadamente Hallux Valgus ou “joanetes”). Surge também a fascite plantar (inflamação de uma fáscia que reveste a planta do pé, por excessivo estiramento); metatarsalgia (dor nos metatarsos, ossos do pé), Deformidade de Haglund (deformidade do calcanhar, pela pressão realizada contra o sapato, que causa inflamação no Tendão de Aquiles e bursa/”bolsa” que o protege); e Neuroma de Morton (espessamento/tumor benigno de um nervo que passa entre o 2º e 3º ou 3º e 4º dedos, causa dormência e dor). Os traumas e alterações de crescimento nas unhas dos pés, flictenas (“bolhas”), calos e calosidades, alterações circulatórias e edemas nos pés (“inchaços”) são outras disfunções presentes.

Para além do aumento do risco de quedas e entorses, andar de saltos altos origina alterações posturais que provocam em suma dor, inflamação, rigidez articular, incapacidade funcional e diminuição da qualidade de vida. Apesar de poder ser uma opção de calçado, o seu uso deve ser acautelado, podendo ser uma escolha para uma ocasião, mas certamente não para todos os dias.

 

Fonte: pt.blastingnews.com